Palácio dos Governadores e Casa da Câmara e Cadeia
21 MAI às 11h
O concerto será realizado no Museu da Inconfidência
Endereço: Praça Tiradentes, 139 - Centro Histórico, Ouro Preto - MG
Professores Rodrigo de Oliveira e Jovana Trifunovic para as aulas de violino, João Carlos Ferreira para aula de viola e Robson Fonseca para as aulas de violoncelo.
21 de maio de 2023, das 15h às 18h.
LOCAL: Paço da Misericórdia - R. Padre Rolim, 344 - Ouro Preto, MG
Inscrições abertas entre os dias 10 de maio e 20 de maio de 2023.
Para se inscrever basta enviar um e-mail para fima@artemundi.com.br com as seguintes informações:
Para os alunos que tocarão:
Nome completo e CPF
Partitura em formato PDF que será trabalhado pelo aluno (aprox. 10 minutos de música).
Para os alunos ouvintes
Nome completo e CPF
João Carlos Ferreira
viola
Jovana Trifunovi
2º violino
Robson Fonseca
violoncelo
Alex Sandro Calheiros de Moura
palestrante
Rodrigo de Oliveira
1º violino
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
palestrante
Rodrigo de Oliveira
1º violino
Natural de Taubaté, SP, Rodrigo de Oliveira ingressou na Orquestra Filarmônica de Minas Gerais com apenas 19 anos, em 2010. Atuou como solista e spalla na Camerata Zajdenbaum, Orquestra Sinfônica Jovem de Taubaté, Orquestra Ouro Preto, Sinfônica de Atibaia e Sinfônica de São José dos Campos.
Participou de masterclasses com Augustin Hadelich, Rachel Barton Pine, Vadim Gluzman, Charles Stegeman, Clara Takarabe, Roberto Díaz, Misha Keylin, I-Hao Lee, Blair Milton, Alexander Kagan e Shlomo Mintz, por quem é orientado no momento.
Iniciou estudos em violino na Escola Municipal de Artes Maestro Fêgo Camargo, onde concluiu o curso técnico de Violino, na classe do professor Jefferson Denis. Deu sequência à sua formação com a professora Elisa Fukuda, em São Paulo, e graduou-se em Música na Universidade Metropolitana de Santos, em 2018.
Jovana Trifunovic
2º violino
Jovana nasceu em Páracin, na Sérvia. Em 2002, completou a Escola Secundária de Música em Cuprija com a professora Ljiljana Rankovic. Nesse mesmo ano, deu início aos seus estudos na Faculdade de Música de Belgrado, onde concluiu o bacharelado em Violino com a professora Fern Raskovic, aluna de David Oistrakh.
Em 2001, Jovana ganhou o terceiro lugar na Competição Internacional Petar Konjovic, em Belgrado. Também participou da Republic Competition em 2002, quando ganhou o primeiro lugar na categoria Violino e laureat na categoria de Música de Câmara (duo). Durante seus estudos, recebeu o prêmio da Fundação Miodrag Macic em 2005 e o da Fundação Meri Dragutinovic em 2008. Participou das aulas Exploring Mozart na Austria Barock Akademie, na cidade de Gmunden, em 2006.
Jovana lecionou violino na Escola de Música Dr. Miloje Milojevic, na cidade de Kragujevac, também em seu país natal. Em Belgrado, integrou a Orquestra Sinfônica RTS e as orquestras de câmara Dusan Skovran e St. George Strings.
João Carlos Ferreira
viola
Mineiro de Juiz de Fora, João Carlos iniciou sua atuação como violista na Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, onde ocupa a posição de Viola Principal desde 2009. Estudou violino e música de câmara com Bernardo Bessler e André Pires, e prática orquestral com Nelson Nilo Hack. Participou de masterclasses com Marie Christine Springuel, Luis Otávio Santos, Menahem Pressler e Roberto Díaz, entre outros notáveis professores.
Foi músico da Orquestra Sinfônica Brasileira. Como membro do Quarteto Radamés Gnattali, recebeu o Prêmio Rumos Itaú Cultural 2007-2009. Entusiasta da prática da música de câmara, dirige o Trio Villani, composto também por Jovana Trifunovic e Eduardo Swerts. O grupo foi contemplado pelo Natura Musical, lançando o álbum Três Tons Brasileiros.
Algumas de suas atuações de destaque foram ao lado de Antonio Meneses, Roman Simovic, Márcio Carneiro, Quarteto Bessler e Sigiswald Kuijken. Como solista, apresentou-se junto à Petrobras Sinfônica, com a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo, as sinfônicas das escolas de música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com a Filarmônica de Minas Gerais.
Alex Sandro Calheiros de Moura
palestrante
Graduação e doutorado em filosofia pela universidade de São Paulo. Professor associado no departamento de filosofia na universidade de Brasília. Foi coordenador e chefe do departamento de filosofia e diretor de cultura na universidade de Brasília. Diretor do departamento de processos museais no Instituto brasileiro de museus. Atualmente é diretor do museu da inconfidência em Ouro Preto.
Robson Fonseca
violoncelo
Mineiro de São João del-Rei, Robson iniciou seus estudos aos oito anos de idade, sob a orientação de Abel Morais, no Conservatório Padre José Maria Xavier, onde posteriormente foi professor de Violoncelo. Frequentou cursos ministrados por músicos como Antonio Meneses, Alceu Reis e Julian Trytynsky.
Como recitalista e camerista, apresentou-se nas principais salas de concerto do país. Em 2010, teve aulas com Matias de Oliveira Pinto na Alemanha, país onde também concluiu o Zertifikat na Universidade de Münster, em 2011. Dois anos antes, formou-se pela Universidade de São Paulo (USP), instituição pela qual obteve o I Prêmio Olivier Toni. De 2003 a 2009, foi chefe dos Violoncelos da Sinfônica de Ribeirão Preto e professor na Escola de Música de Sertãozinho.
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
palestrante
Angelo Oswaldo de Araújo Santos jornalista, escritor, curador de arte, advogado e gestor público. Cumpre o quarto mandato de prefeito municipal de Ouro Preto, MG, (2021-2024), após ter exercido o cargo entre 1993-1996, 2005-2008 e 2009-2012). Foi secretário de Estado da Cultura de Minas Gerais no Governo Itamar Franco (1999-2002) e no Governo Fernando Pimentel (2015-2018). Exerceu, interinamente, o cargo de ministro da Cultura do Brasil, e dirigiu o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, e o Instituto Brasileiro de Museus, IBRAM.
Sobre o Palácio
O Palácio dos Governadores, um dos monumentos localizados no centro histórico de Ouro Preto, foi a primeira instalação administrativa de Minas Gerais construída para abrigar as atividades legislativas, judiciais e penitenciárias da metrópole, bem como para exercer o controle dos negócios e do povo da capitania. O prédio, também chamado de Palácio Novo, Palácio do Governo, Palácio dos Capitães Generais, Palácio de Vila Rica, Palácio da Presidência, Casa à Praça Tiradentes e Escola de Minas, ocupa um quarteirão completo e foi edificado como conjunto de solar e fortaleza para comportar a Casa de Fundição e a residência oficial dos governadores durante o Ciclo do Ouro.
Para o projeto da nova edificação, o então governador Gomes Freire convocou o sargento-mor e engenheiro militar José Fernandes Pinto Alpoim, que sugeriu que o edifício adotasse o sistema construtivo de pedra e cal. Além disso, deveria ser bem sólido, com dois pavimentos, cercado por muralhas, com terraços para artilharia, calabouço, guaritas e saguão, à semelhança de um forte militar, empregando materiais resistentes, como pedra, ferro e madeiras de lei. Dessa forma, a casa seria, ao mesmo tempo, reduto e castelo. A planta do edifício foi assinada em 1741 e a obra principal arrematada por Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. A construção do novo palácio ocorreu durante o apogeu da produção aurífera e introduziu a arte da cantaria na arquitetura de Vila Rica. O palácio foi o primeiro imóvel na região a empregar vidro nas janelas, pintadas nas cores verde e cinza, cuja tinta foi obtida a partir da mistura de pigmentos minerais e óleo de baleia.
O Palácio dos Governadores hospedou os imperadores do Brasil em três ocasiões: durante a visita de Dom Pedro I, em 1822; durante a vinda de Dom Pedro II a Minas Gerais, em 1851; e quando Dom Pedro II retornou a Ouro Preto para conhecer a Escola de Minas, em 1881. Com a transferência da capital para Belo Horizonte, em 1897, o palácio, que serviu de moradia oficial para cento e cinco governadores, começou a ser desocupado, ficando um pequeno período fechado. Ainda no mesmo ano, passou a ser sede da Escola de Minas, sendo reaberto. Nos anos de 1990, devido à construção do novo prédio da Escola de Minas no campus da Universidade Federal de Ouro Preto, o antigo Palácio dos Governadores transformou-se em espaço de memória, abrigando o Museu de Ciência e Técnica, a Biblioteca de Obras Raras, o Arquivo Permanente, a Sala da Congregação, além de atividades administrativas e da Diretoria da Escola de Minas.
Fotos
Nota de Programa
Nas colinas de Ouro Preto, história e arquitetura se encontram em um dueto harmonioso. Dois prédios que nos envolvem no tempo e no espaço com sua beleza resultado do talento de artistas, arquitetos e engenheiros que moldaram estas duas obras-primas, o Palácio dos Governadores e a Casa de Câmara e Cadeia.
O primeiro, outrora lar de influentes líderes desta cidade, foi projetado pelo pai do "Aleijadinho", o arquiteto português Manuel Francisco Lisboa. É uma construção robusta, concluída em 1746, que combina elementos de fortificação com um caráter civil e que hoje abriga o Museu de Mineralogia e a Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto.
O segundo, é uma magnífica edificação da arquitetura civil colonial, projetada pelo engenheiro José Fernandes Pinto Alpoim, em 1785, mesmo arquiteto do Paço Imperial do Rio de Janeiro. Uma obra monumental financiada por uma loteria real e construída com as mãos de prisioneiros. Concluída em 1855, hoje abriga a sede do Museu da Inconfidência.
Para reverberar na música estes dois edifícios monumentais de Ouro Preto, o Festival Interativo de Música e Arquitetura contará com um quarteto de cordas formado pelos renomados músicos mineiros Rodrigo de Oliveira e Jovana Trifunovic, no violino, João Carlos Ferreira, na viola, e Robson Fonseca, no violoncelo. Já os comentários ficarão a cargo dos palestrante Alex Sandro Calheiros Moura, filósofo e diretor do Museu da Inconfidência, e de ngelo Oswaldo de Araújo Santos, jornalista, escritor, curador de arte e gestor público, que dirigiu o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, e o Instituto Brasileiro de Museus, IBRAM.
Ao contemplar estes belos edifícios, faremos uma ponte com o compositor português Pedro António Avondano, com os austríacos Ignaz Pleyel e Joseph Haydn, e com o italiano Luigi Boccherini, cujas obras ecoam o tempo de construção, a história, a arte decorativa, a elegância e a sofisticação desses dois magníficos edifícios. Nomes que se encontram no catálogo Música colonial do Brasil, de Francisco Curt Lange, musicólogo que promoveu uma pesquisa abrangente e documentou a presença de obras destes e de outros compositores na região de Minas Gerais no período colonial brasileiro. Um registro importante que fornece um entendimento das práticas musicais da época e as interações entre as tradições musicais brasileiras e europeias que exploraremos neste concerto.
Abrimos o programa com o Trio em Sib Maior, de Pedro António Avondano. Nascido em Lisboa em 16 de abril de 1714, trabalhou a partir de 1762 como violinista da Orquestra da Real Câmara desta cidade. Também fez uma carreira promissora como compositor e promotor musical. Nas décadas de 1760-70, a vida cultural da capital de Portugal despontou para o culto dos concertos públicos. Foi neste contexto que surgiu este Trio, obra que nos trasportará para esse ambiente social e cultural trazido de Portugal para o Brasil no início da segunda metade do século XVIII, no mesmo período em que se realizavam os últimos acabamentos da construção do Palácio dos Governadores. A música de um dos compositores mais influentes da Corte portuguesa, que recebeu a Ordem de Cristo, em 1768, pela relevância das suas funções no seio da Irmandade de Santa Cecília. Esta associação religiosa, que em Ouro Preto também teve grande importância na promoção da música sacra e profana, contribuindo para a formação de músicos e para o desenvolvimento de um repertório regional de importantes compositores mineiros, como Francisco Gomes da Rocha, José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, Ignácio Parreiras Neves entre outros.
Seguimos nosso concerto com a obra de um austríaco, discípulo de Joseph Haydn. Considerado um dos compositores mais prolíficos e populares de seu tempo, com mais de mil obras em seu catálogo, Ignaz Pleyel nos levará com o Allegro vibrante e enérgico do seu Quarteto de Cordas em Lá Maior, Op. 2, No.1, a imaginar a intensa e dinâmica Ouro Preto do final do século XVIII. Neste primeiro movimento, o diálogo animado entre os instrumentos do quarteto pode nos servir como uma metáfora para lembrarmos das discussões e negociações entre os governantes, administradores e outros personagens influentes que circulavam pelo Palácio dos Governadores na segunda metade do século XVIII. Da mesma forma, em seu Menuetto, de caráter gracioso, lúdico e dançante, as interações rítmicas e harmônicas nos remetem às troca de ideias e à vida social e cultural diversa desta cidade. A obra foi composta na mesma década em que José Fernandes Pinto Alpoim fez o projeto da Casa de Câmara e Cadeia, que hoje abriga o Museu da Inconfidência, edifício que também reflete a riqueza cultural e artística de Villa-Rica.
Oito anos após Pleyel escrever este quarteto, seu professor Joseph Haydn compôs o Quarteto de Cordas em Ré Maior, Op. 64, No. 5, conhecido como A Cotovia, a próxima obra do programa. A peça, uma das obras-primas do período clássico, é parte de um conjunto de seis quartetos de cordas conhecidos como os Quartetos de Tost, dedicados a Johann Tost, um violinista e mecenas que trabalhou na orquestra do príncipe Esterházy, onde Haydn também atuava como mestre de capela. O Allegro moderato, com sua melodia lírica, evoca o canto da cotovia, enquanto o Adagio cantabile é um movimento lento e expressivo que contrasta emocionalmente com o primeiro. Já o Menuetto: Allegretto possui um caráter elegante e um Trio central com destaque para o violoncelo, e o Finale: Vivace é uma peça enérgica e virtuosística com escrita contrapontística brilhante. Juntos, esses movimentos criam uma obra equilibrada e emocionalmente rica, demonstrando toda a genialidade de Haydn.
Encerramos essa conexão entre arquitetura, história e música em Ouro Preto com mais um compositor citado por Francisco Curt Lange em seu catálogo, Luigi Boccherini. Seu Quarteto nº 4 de Cordas em Si menor, Op. 58, No. 4, G. 245, apresenta dois movimentos contrastantes: o energético Allegro molto, com diálogos intensos e contrapontísticos entre os instrumentos, e o cativante Rondeau - Allegro, caracterizado por um tema principal que retorna várias vezes, intercalado com episódios contrastantes. Uma obra rica em expressão e emoção que ecoa toda a beleza destes dois edifícios, que assim como estes compositores, até hoje nos encantam.
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