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Ministério da Cultura e Instituto Cultural Vale

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Teatro Municipal de Ouro Preto
 

9 MAR | 19h

Com obras de: LODOVICO GIUSTINI DI PISTOIA, WILHELM FRIEDEMANN BACH, ALBERTO GOMES DA SILVA, WOLFGANG AMADEUS MOZART e JOSÉ MAURÍCIO NUNES DA SILVA.

Endereço: Rua Brigadeiro Musqueira, 104 - Centro Histórico, Ouro Preto | MG

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João Janeiro

Cravo

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Angelo Oswaldo de Araújo Santos

Palestrante

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Roberto Sussuca

Palestrante

Programa

Solista:

João Janeiro, cravo 

 

Palestrante:

Angelo Oswaldo de Araújo Santos, jornalista, escritor, curador de arte, advogado e gestor público

 

Palestrante:

Roberto Sussuca, artista plástico e diretor do Teatro Municipal de Ouro Preto 

 

Programa

 

LODOVICO GIUSTINI DI PISTOIA (1685-1743)

Sonata I

  1. Spiritoso ma non presto, balletto

  2. Allegro

  3. Sarabanda

  4. Giga

Duração: 12 minutos 

 

CARLOS SEIXAS (1704-1742)

Sonata em Ré maior

  1. Giga

  2. Minuete

Duração: 6 minutos

 

 

WILHELM FRIEDEMANN BACH (1710-1784)

Fantasia Lá menor Fk 23

[s.i.]

  1. Adagio

  2. Allegro

  3. Adagio

  4. Allegro

  5. Molto adagio

  6. Prestissimo

Duração: 4 minutos

ALBERTO GOMES DA SILVA (1730-1793)

Sonata em Mi menor

Duração: 8 minutos

 

WOLFGANG AMADEUS MOZART (1756-1791)

Abertura da Ópera Don Giovanni

Duração: 6 minutos

 

JOSÉ MAURÍCIO NUNES DA SILVA (1767-1830)

Lição n.º 5 da 2.ª parte do Método de Pianoforte

Duração: 3 minutos 

 

ANÔNIMO 

Sonata Sabará

  1. Allegro

  2. Adagio

  3. Rondo

Duração: 8 minutos

Nota de Programa

Uma pequena joia incrustada no coração das Minas Gerais, cuja fachada singela, austera e elegante, esconde a alma vibrante de um Brasil colonial. Um espaço onde o passado e o presente se encontram na simplicidade e na beleza. Um lugar que nos lembra que a verdadeira riqueza de uma nação reside na cultura e na arte que nela floresce. Esta é a Casa da Ópera de Vila Rica, também conhecida como o Teatro Municipal de Ouro Preto, o mais antigo da américa latina. Uma construção erguida pelo Coronel João de Souza Lisboa, com projeto arquitetônico atribuído a Mateus Garcia.

 

Sobre as aberturas em arco abatido, de herança barroca, vemos uma pequena janela. Um óculo quadrilobado que nos remete suavemente aos mistérios medievais trazendo à mente os arautos e trovadores de eras distantes. Suas arcaturas, pequenos arcos decorativos, adornam a área próxima à cornija, uma faixa saliente que vemos na parte triangular do topo do edifício. Ela nos remete sutilmente às construções gregas e romanas trazendo uma vaga inspiração neoclássica.

 

O belíssimo hall de entrada em madeira, nos leva ao seu interior típico dos teatros portugueses, que ao contrário dos teatros italianos, eram bem mais compridos. Já suas escadas laterais nos transportam ao primeiro piso, onde estão os camarotes e as escadas helicoidais que nos levam à galeria no último piso.

 

Um marco na evolução das artes na região de Minas Gerais, a Casa de Ópera sinaliza uma mudança substancial nas práticas artísticas que predominavam até meados do século XVIII em Minas Gerais. Antes da construção deste teatro, as atividades artísticas estavam majoritariamente vinculadas a festas públicas de caráter político e religioso, mas com a chegada do teatro se introduziu o entretenimento, como forma também de mercadoria, marcada pela venda de ingressos e pela organização de temporadas.

 

Sua inauguração em 1770, em Vila Rica, exemplifica essa expansão e fortalecimento do teatro na colônia, que começou a desfrutar de uma estrutura mais regular e profissionalizada. Uma nova fase, embora marcada por contradições entre o amadorismo e o profissionalismo, que significava um avanço importante para a produção artística na América Portuguesa, culminando na consolidação do teatro e da música como uma prática cultural significativa e duradoura na região.

 

A inspiração para construção desta Casa vinha de Portugal, onde teatros públicos eram construídos pela iniciativa privada para depois serem alugados a empresários que se responsabilizavam pela produção de espetáculos, e a gestão comercial do teatro. Também a maneira como escolhiam o repertório e as produções estavam muito vinculadas ao teatro português, desde sua inauguração, em 1770, até 1793 a casa de ópera apresentava encomendas, realizadas e trazidas de Portugal para o Brasil.

 

Nossos guias nessa jornada pela história e a arquitetura desta casa será o jornalista, escritor, curador de arte, advogado e gestor público Angelo Oswaldo de Araújo Santos. Já os comentários musicais ficarão a cargo do renomado maestro, Cravista e pesquisador português João Paulo Janeiro.

 

Abrimos nosso programa trazendo duas obras que nos remetem ao tempo de construção deste teatro: a Sonata I, de Lodovico Giustini di Pistoia, e a Sonata em Ré maior, de Carlos Seixas. A primeira foi integrada a uma coletânea de sonatas impressa na cidade de Florença, em 1732, com o patrocínio do mecenas Brasileiro Dom João da Madre de Deus de Seixas Fonseca Borges, edição que foi dedicada ao Infante Dom António, irmão mais novo do Rei D. João V e que muito provavelmente veio a ser interpretada também aqui no Brasil. A peça reflete o envolvimento direto de brasileiros na produção e adaptação de obras europeias, já antes da construção da Casa de Ópera de Vila Rica.

 

A construção da Casa da Ópera em Vila Rica, sob a gestão de João de Souza Lisboa, é um evento marcante que ilustra a complexidade da vida social, econômica e cultural na América Portuguesa do século XVIII. Lisboa, um dos maiores contratadores de Minas Gerais, atuava como um elo importante entre o aparelho estatal e o comércio ultramarino colonial. A sua decisão de construir uma Casa da Ópera não apenas reflete sua posição de prestígio na sociedade mineira, mas também indica a influência e as exigências das autoridades políticas na região. Esse projeto, financiado a um custo significativo, atendia ao desejo do então governador da Capitania de Minas Gerais, o Conde de Valadares, de enriquecer o cenário cultural de Vila Rica. Um exemplo do papel ativo das autoridades coloniais na promoção da cultura e na organização do espaço social, que ocorreu na construção deste teatro, mas também em outras casas da ópera de cidades coloniais. Tais processos, eram frequentemente mediados por governadores ou membros das câmaras locais, num esforço conjunto para se estabelecer uma infraestrutura cultural que servisse tanto aos propósitos de entretenimento, quanto à exibição do poder e do prestígio colonial.

 

Desta forma seguimos o nosso concerto com a Sonata em Ré maior de Carlos Seixas, compositor português que oferece uma conexão direta com as raízes culturais Portuguesas que permeavam a sociedade colonial mineira desta época.

 

A Casa da Ópera em Vila Rica também estava alinhada a correntes culturais e intelectuais da época, incluindo o movimento iluminista e o teatro português do século XVIII. A escolha de obras de figuras como a do poeta e advogado Cláudio Manuel da Costa, para inaugurar esta casa no dia 7 de junho de 1770 – dia do aniversário do rei de Portugal D. José I, refletem o desejo da elite local de cultivar e participar de uma cultura teatral refinada, seguindo modelos europeus. Iniciativa que também era vista como uma oportunidade para solidificar relações sociais, econômicas e políticas dentro da elite colonial. O próprio Claudio Manuel da Costa, que anos depois estaria envolvido na Inconfdência Mineira, organizou no dia 4 de setembro de 1768, no palácio do Conde de Valadares, que havia sido recém-empossado governador da capitania de Minas Gerais, um recital de poesias para lançar as bases da sua Arcádia Ultramarina. Essa sociedade literária brasileira que tinha à Arcádia, região bucólica do Peloponeso, na Grécia antiga, como ideal de inspiração poética, representou a chegada do neoclassicismo no Brasil, marcado pela busca da simplicidade e a valorização da natureza, em contraposição ao Barroco. Influenciada pelos ideais iluministas, a Arcádia Ultramarina no Brasil promoveu uma literatura que refletia críticas sociais e políticas da época e seus poetas foram participantes ativos da Conjuração Mineira.

 

Para representar este ideal iluminista que ecoava na casa de ópera e na cidade de Vila Rica, seguimos com a Fantasia em Lá menor Fk 23, do filho preferido de Johann Sebastian Bach, Wilhelm Friedemann Bach. Aparentemente caótica, estranha, cheia de elementos de indefinição tonal e ritmicamente irregular, esta obra de Wilhelm traz frases musicais marcadas por grandes contrastes, que espelham também o empindsamkeit, termo alemão que se traduz como "sentimentalismo" ou "estilo sensível". Um movimento que foi uma expansão do Iluminismo para o mundo da arte. Na música, se buscava uma simplicidade naturalista alinhada com a valorização da razão e da natureza, mas as composições eram, na verdade, complexas e analíticas em relação ao sentimento humano, empregando contrastes marcantes em atmosfera, textura, melodia e harmonia, para capturar a profundidade emocional. Uma aceleração emocional que encontramos, também, surpreendentemente em algumas obras de compositores portugueses como Seixas, Gomes da Silva e até em Pedro António Avondano. A obra representa a complexidade e o experimentalismo barroco que encontrava eco na sociedade mineira da época, caracterizada por sua própria complexidade social e cultural.

 

A Casa da Ópera de João de Souza Lisboa representava um ponto de convergência para várias tendências da sociedade colonial brasileira: um espaço de expressão cultural, um símbolo de status e um campo de negociações políticas e econômicas. Um empreendimento que refletia as complexidades do período colonial brasileiro, onde a cultura, a economia e a política estavam intrinsecamente ligadas, e a construção de espaços culturais era tanto uma manifestação de poder quanto um meio de engajamento com as correntes culturais mais amplas do império português.

 

Seguindo o elo com a cultura portuguesa, traremos a Sonata em Mi menor de Alberto Gomes da Silva inserida na coletânea das "Sei Sonate per Cembalo", impressa em Lisboa na década de 1760. Apesar desta ser a única obra para teclado que se conhece deste compositor, trata-se de um dos melhores conjuntos de sonatas entre o período. A obra remete muito claramente a um certo tipo de acompanhamento que nos transporta para ambientes de canção acompanhada como o fado.

 

Efervescente, a Casa de Ópera de Villa Rica era ativa e mesmo tabus como a proibição, por Rainha Dona Maria I, de que papéis femininos fossem realizados por mulheres, eram quebrados. Para celebrar a ópera e o espírito de liberdade que levou  o poeta Cláudio Manoel da Costa (1729-1789) e outros participantes da Inconfidência Mineira a ter este teatro como um ponto de encontro para recitar seus poemas e idéias, apresentaremos a abertura da ópera Don Giovanni de W. A. Mozart. O compositor era muito interpretado nesta região, de acordo com o resgate da memória musical do período colonial em Minas Gerais feito pelo musicólogo teuto-uruguaio, Francisco Curt Lange, a partir da década de 1940.

 

Em 9 de abril de 1822, Dom Pedro I visitou Ouro Preto permanecendo na cidade por 12 dias. Uma visita crucial na jornada do Brasil rumo à independência que não só demonstrou a solidariedade e o apoio recebidos, mas também refletiu a importância estratégica de Minas Gerais no processo político nacional. Para celebrarmos este momento da história traremos uma peça de um compositor negro brasileiro, Padre José Maurício Nunes Garcia, professor de música de D. Pedro I e considerado o mais importante compositor brasileiro do fim do século XVIII e início do século XIX. Um músico surpreendeu D. João VI com seu talento, a ponto de ter sido nomeado Mestre da Real Capela, e passou a dar aulas de música para o infante até a chegada do compositor português Marcos Portugal à corte em 1811. Dele ouviremos o a lição nº 5 2º volume de seu Método de Pianoforte composta com objetivo didáticos.

 

Fiel a sua importância histórica e artístico-cultural o “teatrinho barroco”, como é carinhosamente apelidado pelos ouropretanos, é um farol da cultura e da tradição artística mineira e brasileira. Para celebrar sua atmosfera barroca e seu grande valor histórico, arquitetônico e artístico, encerramos o concerto com a A Sonata Sabará. Uma obra rara, assim como este teatro, descoberta nos arquivos da Sociedade Musical Santa Cecília de Sabará em Minas Gerais, que representa um exemplo singular de música de câmara do Brasil colonial, possivelmente datando da segunda metade do século XVIII ou início do século XIX. Uma música particularmente notável por seus três movimentos completos, muito pouco comum na produção musical profana da época. A estrutura da Sonata inclui movimentos que refletem o estilo clássico, com elementos do "Sturm und Drang", que se traduz por "Tempestade e Ímpeto", um movimento em reação ao racionalismo que o Iluminismo do século XVIII, onde o que tinha valor era o estilo sensível, o "empindsamkeit" do qual já falamos. Assim a composição apresenta peculiaridades formais, como a ausência de recapitulação no primeiro movimento e a escolha inusitada da tonalidade nos movimentos subsequentes, sugerindo uma possível desconexão com os padrões composicionais da época. O interesse na Sonata Sabará não se limita ao seu valor histórico, mas estende-se às suas implicações para o repertório instrumental e as práticas de performance, oferecendo uma alternativa ligada à cultura brasileira. Uma peça que se destaca não apenas como um raro exemplar do repertório brasileiro do século XVIII, mas também pela riqueza e a diversidade da herança cultural que ela representa.

João Janeiro
Cravo

 

Intérprete de instrumentos de tecla históricos, divide a sua atividade profissional entre pesquisa, concertos, gravações e a docência.  Fez a sua formação em Lisboa, onde completou os estudos em cravo, órgão, clavicórdio e musicologia histórica.

 

Fundou e dirige os agrupamentos Flores de Mvsica, Capella Joanina e Concerto Ibérico. Dirigiu numerosas estreias modernas de obras de compositores portugueses do período Barroco e participou em diversos festivais em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, França e Suíça, tanto como cravista, organista ou maestro, dirigindo várias produções de ópera barroca.  Gravou vários CD solo com instrumentos históricos em Portugal e na Suíça. Orientou edições críticas de obras de J. B. Avondano e Francisco António Almeida e dirigiu as gravações de estreias modernas de CD do Te Deum e da Grande Missa em Fá deste compositor, e o Matuttino de’ Morti de David Perez. Gravou dois CD com o Avondano Ensemble dedicados à música de câmara de João Baptista Avondano de Pedro António Avondano, também estreias modernas.

 

Prepara a edição crítica da primeira ópera de um compositor português: La Pazienza di Socrate de F. A. Almeida. Tem trabalhado na reconstrução dos Concertos Grossos de Pereira da Costa que resultou já no registo em CD. Tem também promovido a difusão do compositor seiscentista João Lourenço Rebelo em concertos, estágios internacionais em Espanha e Itália do qual dirigiu a estreia moderna das Vésperas de Natal e gravou para CD as ‘Vésperas da Beata Virgem Maria’. Responsável também pela primeira gravação em CD com instrumentos da época do Requiem de J. D. Bomtempo. Paralelamente, gravou o CD a Paixão Segundo São João de J. S. Bach, e com o grupo Contágio Barroco gravou as Sonatas de Johann Ernst Galliard. Dirigiu a Paixão S. S. Mateus de J. S. Bach pela primeira vez em 2019. Em 2022 dirigiu o projecto Baroque Atlantique da Saison Croisée France-Portugal.  Concebeu e dirige o festival West Coast – Música Antiga em Oeiras, por onde têm passado vários intérpretes internacionais na área da música antiga. Realizou o Inventário de Órgãos Históricos do Alentejo, e coordenou processos de restauro para o Ministério da Cultura. Dirige os CIMA - Cursos Internacionais de Música Antiga.  Leciona cravo, música de câmara e baixo contínuo e as classes de interpretação histórica na ESART-IPCB e de órgão na EMNSC. Orientou várias masterclasses em Portugal, Espanha, França, Itália e Alemanha dedicadas à música barroca portuguesa. Presidente da MAAC; membro fundador do centro de investigação CESEM (FCSH-UNL) e da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música - SPIM.

Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Palestrante
 

Escritor, curador de arte, jornalista, advogado e atualmente prefeito de Ouro Preto. Formou-se em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e cursou o Instituto Francês de Imprensa, em Paris (1973-1975).  Colaborou com o Diário de Minas, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Rede Globo Minas e Canal 23 de Belo Horizonte, em diferentes oportunidades. Editou o Suplemento Literário de Minas Gerais, entre 1971 e 1973. Na França, publicou no Le Monde e foi colaborador da editora Gallimard, na seleção de autores estrangeiros. Foi secretário de Turismo e Cultura da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, prefeito de Ouro Preto por quatro mandatos, secretário de Estado da Cultura de Minas Gerais, presidente do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Cultura. Foi chefe de Gabinete do Ministério da Cultura, presidente do Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MinC) entre 1985 e 1987 e membro dos conselhos do Iphan, Fundação de Arte de Ouro Preto e Patrimônio Cultural da Prefeitura de Belo Horizonte. É presidente da Associação Brasileira de Cidades Históricas e membro fundador da Rede de Cidades Barrocas da América Latina, no qual foi eleito vice-presidente para o biênio 2011-2012, em Puebla, México. Presidiu o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e exerce também a crítica de arte como curador, ensaísta, conferencista e membro de comissões julgadoras. Organizou e apresentou mostras de diversos artistas em Belo Horizonte e participou de missões culturais em diversos países.

Roberto Sussuca
Palestrante
 

Natural de Ouro Preto, Sussuca é Diretor do Teatro Municipal de Ouro Preto e artista plástico. Desde a juventude dedica sua vida à arte, expressa através de desenhos, pinturas, gravuras e esculturas. Foi um dos primeiros artistas a fazer instalações em Minas Gerais, nos anos de 1970 e 1980. Com várias exposições nacionais e internacionais. Frequentou cursos da Fundação de Arte de Ouro Preto, Ateliê Livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, Centro de Pesquisa de Arte Ivan Serpa – Rio de Janeir e Ateliê Livre da Fundação Armando Alvares Penteado – São Paulo. 

 

Recebeu prêmios do Museu de Arte Contemporânea da Universidade Federal de São paulo – USP e Prêmio Coordenadoria de Cultura Governo de Minas Gerais e participou de salões de arte, exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Foi curador da Casa dos Contos e atualmente é diretor da Casa da Ópera em Ouro Preto.

Teatro Municipal de Ouro Preto

A Casa da Ópera de Vila Rica, hoje Teatro Municipal de Ouro Preto, é o mais antigo teatro em funcionamento das Américas. Foi construído em 1769 por João de Souza Lisboa e inaugurado em 6 de junho de 1770, o aniversário do Rei Dom José I.

 

No Período barroco, a teatralidade era elemento de forte presença no cotidiano. Toda festa mineira era sempre um grande espetáculo e o teatro o meio mais adequado para expressar a pompa, opulência e glória dessa poderosa sociedade setecentista.

 

Casas de ópera existiram em quase todas as cidades da Minas barroca, mas a Casa da ópera de Vila Rica se diferenciou das demais. João de Souza Lisboa preocupou-se em formar bom elenco de artistas, trazidos de diversas cidades. No ano de inauguração, introduziu duas atrizes, revolucionando a moral da época que não admitia mulheres no palco. A partir daí, elencos mistos encarregavam-se das temporadas em Vila Rica.

 

Nos oito anos de sua administração, Souza Lisboa movimentou a Casa da Ópera de Vila Rica com repertório extenso, incluindo óperas e oratórios. Cláudio Manoel da Costa foi sem dúvida um dramaturgo que muito contribuiu para o sucesso da Casa. Em suas correspondências, Souza Lisboa, cita o drama São Bernardo e as traduções de José Reconhecido e Alex na Índia, de Metastásio, ambos de autoria do poeta inconfidente.

 

A partir da segunda década do século XIX, intensa programação reuniu famosos artistas brasileiros e estrangeiros, que aqui apresentarem variados textos da literatura teatral, entre eles, Escola de Maridos, de Molière. Nesta época, a Companhia da Casa da ópera era composta por 20 atores, entre homens e mulheres que atuavam ao lado de uma orquestra de 16 músicos. Durante 1811, 45 peças foram apresentadas.

 

Com fachada singular, possui espessas paredes de pedra e frontão triangular detalhado por elementos simbólicos esculpidos em pedra. O hall de entrada prepara o visitante para a surpresa do magnífico espaço interno. Três pisos distintos, nos quais se distribuem plateia, camarotes, frisas e galerias, totalizam 300 lugares.

 

O piso de entrada dá acesso ao nobre camarote, com sofá e cadeiras austríacas, outros camarotes e escadas helicoidais em madeira que levam à galeria no último piso.

 

Escadas laterais de pedra levam ao primeiro piso, onde está plateia e frisas. No porão, existem ainda camarins e sala de recepção para artistas e técnicos.

 

Estruturas trabalhadas em ferro, pinturas descobertas em restauração recente e pequenas adaptações são intervenções posteriores à época de construção que não representam alteração significativa no espaço original.

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