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Ministério da Cultura e Instituto Cultural Vale

apresentam

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Theatro

Santa Roza 
 

03 NOV | 20h

Com obras de: BEETHOVEN, CARLOS GOMES, SCOTT JOPLIN, ERNESTO NAZARETH, JOSÉ SIQUEIRA, ELON BARBOSA, HENRIQUE OSWALD e HEITOR VILLA-LOBOS.

Endereço: Praça Pedro Américo, S/N - Centro
João Pessoa | PB

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Ronedilk Dantas

Violino

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Leonardo Semensatto

Violoncelo

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José Henrique Martins

Piano

Noemia Barradas

Palestrante

Programa

Músicos:

Ronedilk Dantas, violino

Leonardo Semensatto, violoncelo

José Henrique Martins, piano

 

Palestrante:

Noemia Barradas, arquiteta

 

LUDWIG VAN BEETHOVEN

Trio para Piano e Cordas em Ré maior, Op. 70 nº 1

II. Largo assai ed espressivo

Duração: 10 minutos

 

CARLOS GOMES

4 Canções

I. Analia Ingrata

II. Canta Ancor

III. Conselhos

IV. Rondinella

Duração: 7 minutos

 

SCOTT JOPLIN

The Entertainer

Duração: 4 minutos

 

Weeping Willow

Duração: 4 minutos

ERNESTO NAZARETH

Fon-Fon

Duração: 2 minutos

 

JOSÉ SIQUEIRA

Suite Sertaneja

I. Baiao

II. Aboio

III. Coco de engenho

Duração: 13 minutos

HENRIQUE OSWALD

I. Serena

Duração: 5 minutos

 

HEITOR VILLA-LOBOS

Canto do Cisne Negro

Duração: 7 minutos

ELON BARBOSA

Anayde Beiriz

Duração: 4 minutos

Nota de Programa

Um marco de beleza, relevância artística e histórica para o estado da Paraíba. Um edifício de arquitetura eclética classicista, que evoca todo charme e elegância das construções erguidas no fim do segundo reinado. De exterior imponente e com surpreendente interior em madeira que o torna ainda mais encantador. Este é o Theatro Santa Roza, o protagonista do 3º concerto da nova edição do Festival Interativo de Música e Arquitetura, dedicado aos teatros históricos do Brasil. Para ressoar na música, a arquitetura e a história deste ícone da cultura paraibana, teremos um trio de virtuosos dessa terra: os pessoenses Ronedilk Dantas no violino e Leonardo Semensatto no violoncelo, e o pianista paranaense radicado em João Pessoa, José Henrique Martins. Já os comentários sobre a arquitetura e história deste edifício ficarão a cargo da arquiteta Noemia Barradas.

 

Abrimos o programa com o segundo movimento "Largo assai ed espressivo" do Trio para Piano e Cordas em Ré maior, Op. 70 nº 1, de Beethoven. A obra, apelidada de Fantasma pela atmosfera peculiarmente misteriosa e etérea deste movimento, nos fará lembrar de dois episódios históricos que aconteceram nesta casa. O primeiro ocorreu em junho de 1900, quando o ilusionista Balabrega e sua companhia artística chegaram à cidade de Parahyba, atual João Pessoa, para se apresentar no Theatro Santa Roza. Durante os preparativos para o espetáculo, o mágico e um membro de sua equipe, Louis Bartelli, tentaram corrigir um problema com um projetor defeituoso. Infelizmente, uma explosão ocorreu, causando um incêndio, a morte de ambos e de um espectador local. O teatro, que já era considerado assombrado, fechou suas portas por um tempo após o incidente. O nome de Balabrega se incorporou ao vocabulário local, usado como sinônimo de "enganador", em referência à sua habilidade na arte da ilusão. Dizem que até hoje o seu fantasma passeia a noite por esse teatro. 

 

Essa música do mestre de Bonn, intensamente dramática, com sua qualidade sombria e meditativa, pode ter sido inspirada em Shakespeare, já que nesta época, o compositor considerava a possibilidade de compor uma ópera baseada em "Macbeth". Apesar dessa conexão ser especulativa, aproveitaremos esse elo também para lembrar de outro episódio curioso da história deste teatro. Em 1968, quando nele foi apresentado "Macbeth", a produção contactou a histórica Fábrica de Vinho Tito Silva de João Pessoa, para que eles fornecessem vinho suficiente para encher a fonte do teatro. Uma pausa etílica criativa para quebrar a atmosfera pesada e sombria da tragédia inglesa.

 

Seguimos com a apresentação de quatro canções de Carlos Gomes ("Analia Ingrata", "Canta Ancor", "Conselhos" e "Rondinella"), o mais importante compositor brasileiro do segundo reinado. Aqui dialogaremos a influência italiana clássica que vemos na música de Gomes e na arquitetura eclética deste teatro. Iniciada em 2 de agosto de 1852 e suspensa em 1882 por falta de recursos financeiros, a obra do Santa Roza foi retomada durante a gestão de Francisco da Gama Roza e inaugurada em 3 de novembro de 1889. Doze dias depois da abertura do teatro, foi proclamada a República no país, e Francisco da Gama Roza perdeu seu mandato, sendo o último presidente do Império no estado.

 

No início do século XX, o Theatro Santa Roza serviu como cineteatro, tornando-se palco para espetáculos cinematográficos. "Todos ao Cinema Santa Roza!", clamou o jornal A União em uma publicação datada de 7 de julho de 1914. A fim de reviver a magia daqueles tempos e imergir no espírito daquele emblemático edifício neste período, apresentaremos obras de compositores cujas músicas foram utilizadas como ferramenta de narração e expressão do cinema mudo. De Scott Joplin ouviremos "The Entertainer" e "Weeping Willow", e do brasileiro Ernesto Nazareth tocaremos "Fon-Fon". Obras que com seus ritmos alegres e cativantes, frequentemente evocavam cenas lúdicas e cômicas que eram projetadas neste teatro.

 

A próxima peça do programa celebra um dos maiores nomes da música da Paraíba, José Siqueira. Nascido na cidade de Conceição, em 1907, Siqueira desempenhou um papel fundamental na consolidação da identidade musical da Paraíba e do Brasil, tendo sido fundador da Orquestra Sinfônica Brasileira em 1940 e da Ordem dos Músicos do Brasil. Do compositor ouviremos sua "Suite Sertaneja", obra que destila a essência do Nordeste brasileiro em uma jornada sonora pelo sertão, indo do ritmo vibrante do baião, passando pelo melódico lamento do aboio chegando ao vigoroso coco de engenho. Siqueira sempre reafirmou sua conexão com sua terra natal, tendo regido e se apresentado diversas vezes neste teatro, inclusive com a própria OSB em 1981.

 

Seguindo o repertório, a próxima peça do concerto é de Henrique Oswald, um dos compositores mais importantes de sua geração. Representante do fim do século XIX e início do século XX, sua obra possui uma complexa interação entre nacionalismo e influências europeias. A peça que ouviremos "Serrana", embora evocativa em título de paisagens brasileiras, ressoa a tradição romântica europeia, refletindo na música um pouco da sociedade brasileira da época, na qual o Theatro Santa Roza foi inaugurado. Uma sociedade que se voltava para o Velho Continente em busca de modelos de modernidade e progresso. Tendo vivido 35 anos na Itália, Oswald naturalmente infundiu seu trabalho com essa experiência. Uma obra que, assim como este teatro, encapsula a rica interseção cultural do Brasil daquele período.

A penúltima peça do concerto é o "Canto do Cisne Negro", de Heitor Villa-Lobos. A obra nos fará recordar de outros personagens importantes da música da Paraíba. Entre eles, Gazzi de Sá, destacado educador musical deste estado, que foi pioneiro ao introduzir o canto orfeônico, consolidando o curso "Soares de Sá" durante a presidência de Antenor Navarro. Seu legado ganhou ainda mais proeminência com sua colaboração com Heitor Villa-Lobos, um dos maiores compositores brasileiros. Em 1952, Villa-Lobos visitou a Paraíba e teve a honra de se apresentar e discursar no Theatro Santa Roza, reforçando ainda sua ligação com a cena musical da região. Após o trágico falecimento de Navarro, Gazzi nomeou a escola de música em sua memória. Complementando esse legado, Ambrasina, esposa de Gazzi, fundou uma renomada escola de dança na região. 

 

Lembrando que em setembro de 1930, no palco Santa Roza, se formulou a bandeira da Paraíba e se alterou o nome da capital para João Pessoa, finalizamos o concerto com uma obra que celebra a poetisa pessoense cuja vida foi marcada pela conturbada história política da Paraíba nos anos 1920 e 1930. Anayde Beiriz era amante de João Dantas, o homem que assassinou em 26 de julho de 1930, João Pessoa, então presidente do estado da Paraíba. O assassinato ocorreu após João Pessoa ordenar uma revista no escritório de Dantas, expondo publicamente sua correspondência privada e suas relações amorosas. O crime desencadeou uma série de eventos que culminaram na Revolução de 1930, levando Getúlio Vargas ao poder.

A obra de Elon Barbosa, que encerra nosso programa, revive não apenas a figura de Anayde Beiriz, mas também evoca esse período significativo e tumultuado da história da Paraíba fechando nossa homenagem aos 134 anos do Theatro Santa Roza, esse verdadeiro templo da cultura e da história de João Pessoa.

Ronedilk Dantas
Violino

 

Iniciou seus estudos musicais em 1979 na Escola de Música Antenor Navarro em João Pessoa. Em 1980 ingressou no curso de Extensão da Universidade Federal da Paraíba, onde estudou violino sob a orientação do professor Yerko Tabilo, com quem viria finalizar em 1994, seu Bacharelado em Música. Foi vencedor e melhor intérprete de música brasileira no X Concurso de Jovens Instrumentistas de Piracicaba (1989), também obteve o 1° Lugar no I Concurso Norte-Nordeste da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Participou como recitalista e professor de violino do Festival de Música de Câmara de Curitiba (2001), dos 26°, 27° e 28° Festival de Inverno de Campos do Jordão, do XIX e XX Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília e do XVII, XVIII e XIX Festival Eleazar de Carvalho. Ingressou em 1993 no Quinteto da Paraíba, iniciando uma notável carreira como camerista e divulgador da Música Nordestina e Armorial. Participou de diversos festivais nacionais e internacionais, como o Festival de Flandress. Com o referido conjunto realizou várias tournées pelo exterior, divulgando a Música Brasileira em países da Europa e América Latina, alcançando sempre grande repercussão de público e da crítica especializada. Em janeiro de 2019 realizou junto com o Quinteto uma residência artística na Universidade de Syracuse no estado de Nova York quando teve a oportunidade de realizar master classes, gravações, concertos didáticos e recitais. Atualmente é professor de violino da Escola de Música da UFRN.

José Henrique Martins
Piano

 

Doutor em Piano pela Boston University. Estudou com Henriqueta Garcez Duarte, José Alberto Kaplan, Cristina Capparelli, Anthony Di Bonaventura e Maria Clodes Jaguaribe. Participou de masterclasses com Homero de Magalhães, Olga Kiun, Claude Frank, Yara Bernette, Max Rostal, Charles Rosen e Nelson Freire.

 

Atua como pianista e professor convidado em festivais e cursos de música: Bienal de Música Contemporânea Brasileira (RJ); Festival de Arte e Criatividade (Portugal); Virtuosi Festival de Música (PE); Festivais Internacionais de Música de Campina Grande (PB); Encontro Internacional de Pianistas de Tatuí (SP); Festivais Chopin/Schumann, Liszt/Mendelssohn e Debussy/Albeniz (PE); Civebra (Brasília); Festival Internacional de Música de Câmara do PPGM-UFPB (PB); Encontros de Piano da UFRN e UFAL.

 

Como solista de orquestra atuou sob a regência de Gustavo de Géa, Elena Herrera, Marcos Arakaki, Thiago Santos e Lutero Rodrigues. É professor de piano nos cursos de graduação, mestrado e doutorado da Universidade Federal da Paraíba, desenvolvendo e orientando pesquisas sobre música brasileira para piano e técnica pianística.

Leonardo Semensatto
Violoncelo

 

Natural de João Pessoa (PB), Leonardo Semensatto atualmente é aluno do mestrado em música - Violoncelo, na Universidade de Münster (Westfälische Wihelms Universität), na classe do professor Matias de Oliveira Pinto, na Alemanha. Formado bacharel pela Universidade Federal da Paraíba, na classe do Professor Dr. Felipe Avellar de Aquino, também foi violoncelista na Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa, na Orquestra Sinfônica da Paraíba, no quarteto Eli-eri e no Quinteto Uirapuru. Leonardo iniciou os estudos com o violoncelo aos 11 anos, sob a orientação da maestrina Norma Romano, na Orquestra Infantil da Paraíba e posteriormente ingressou no curso de instrumento na Escola Estadual de Música Anthenor Navarro, onde permaneceu até sua graduação. Além do ensino formal com seus respectivos professores, Leonardo complementa sua formação no Brasil e na Europa, participando de concursos e festivais de música. Dentre os concursos destaca-se a premiação em 1o lugar no Concurso Nacional de Violoncelos de Ouro Branco, 2023. Nos festivais, destacam-se o 45o Festival de Inverno de Campos do Jordão e a Semana de Música de Câmara Suoni d’Autunno, em Montepulciano, na Itália. Em seus diversos cursos, Leonardo fez aulas com renomados violoncelistas, dentre todos, mais frequentemente com: Johannes-Moser, Matt Haimovitz, Antônio Meneses, Márcio Carneiro, Fábio Presgrave e Hugo Pilger. Paralelamente com a sua carreira acadêmica, Leonardo atua ativamente como professor de violoncelo. Lecionou classes no Instituto Cultural Casa do Béradêro na cidade de Catolé do Rocha (PB), na EEMAN, na 20a e 21a edição do Festival Eleazar de Carvalho na cidade de Fortaleza (CE) e em Masterclass nas Universidades Federais da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Atualmente, na Alemanha é professor de violoncelo na Musikfabrik na Cidade de Steinfurt.

Noemia Barradas
Arquiteta

 

Arquiteta e Urbanista formada pela I. M. Bennet (1995), mestre em arquitetura pelo PROARQ-UFRJ (2006) e doutoranda em arquitetura e urbanismo pelo PPGAU-UFF, participou de cursos no Brasil e exterior no campo da Preservação do Patrimônio e Projeto.

 

Desde 1996 leciona em instituições públicas e privadas em cursos de graduação e pós-graduação. Possui larga experiência no campo da Preservação do Patrimônio Cultural, atuando em investigações, ciência da conservação, projetos e obras de conservação e restauro de bens integrados, arquitetura e conjuntos urbanos. Ao longo dos últimos anos tem desenvolvido trabalhos junto aos órgãos de preservação do patrimônio (UNESCO, IPHAN, INEPAC), possuí escritório e é colaboradora em escritórios no Brasil, Colômbia, Espanha e Portugal.

 

Foi Diretora Administrativa do IAB-RJ (2004-2005), e é Conselheira do IAB-RJ e sua representante no Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro. Atualmente é Conselheira Titular e Vice-presidente do CAU-RJ (Gestão 2021-2023).

Theatro Santa Roza

O espetáculo O Jesuíta ou O Ladrão de Honra, de Henrique Peixoto, marcou a inauguração do Theatro Santa Roza, em 3 de novembro de 1889. Doze dias depois, foi proclamada a República. Com o fim do Império, caía também o presidente da Paraíba, Francisco da Gama Roza, governante que concluiu as obras de construção do teatro, e que emprestou seu nome ao equipamento cultural.

 

Além de ser, por muitos anos, a principal casa de espetáculos paraíbana, a edificação, localizada na Praça Pedro Américo, Centro de João Pessoa, segue um estilo neoclássico de influência greco-romana, com paredes em pedras calcárias e revestimento em pinho de riga.

 

A casa recebe diversos espetáculos de artistas e companhias nacionais e internacionais, e ainda oferece, Curso Livre de Teatro e cursos de dança, através da sua Escola de Dança, que é bem conhecida, localmente, por formar várias gerações de bailarinos.

 

O Santa Roza já foi palco de grandes acontecimentos, a exemplo de uma conferência realizada pelo poeta Augusto dos Anjos, sobre os escravos; a estreia da atriz Zezita Matos; e até sessões da Assembleia Legislativa que decretaram a mudança de nome da capital paraíbana e o formato da atual bandeira do Estado. Tombado pelo IPHAN, a unidade, com capacidade para 418 pessoas, é vinculada à Fundação Espaço Cultural da Paraíba, sob a responsabilidade do Governo do Estado.

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