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Ministério da Cultura e Instituto Cultural Vale

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Teatro de Santa Isabel

13 e 14 MAR | 20h

Com obras de: VINCENZO BELLINI, CARLOS GOMES, GIUSEPPE VERDI, CHARLES IVES, CLOVIS PEREIRA, MAESTRO DUDA, HEITOR VILLA-LOBOS e MEDLEY DE FREVOS

Endereço: Praça da República - Santo Antônio

Recife | PE

Orquestra Sinfônica do Recife

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Lanfranco Marcelletti

Maestro

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Alzeny Nelo 

Soprano

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Leidson Ferraz

Palestrante

Programa

Orquestra Sinfônica do Recife

Maestro:

Lanfranco Marcelletti

Solista:

Alzeny Nelo, soprano 

 

Palestrante:

Leidson Ferraz, jornalista, historiador, ator, crítico e pesquisador do teatro, Doutor em Artes Cênicas.

 

Programa

 

VINCENZO BELLINI (1801-1835)

I Puritani

Sinfonia

Qui la voce sua soave (soprano)

Duração: 8 minutos

 

CARLOS GOMES (1836-1896)

Il Schiavo

Alvorada

Inno della liberta (soprano)

Duração: 13 minutos

 

GIUSEPPE VERDI (1813-1901)

O Baile de Máscaras

Saper vorreste

Duração: 3 minutos

 

CHARLES IVES (1874-1954)

The Unanswered Question

Duração: 6 minutos

 

Intervalo

 

CLOVIS PEREIRA (1932-)

Lamento e Dança Brasileira

Duração: 12 minutos

 

MAESTRO DUDA (1935-)

Música para metais nº 2

Duração: 8 minutos

 

 

HEITOR VILLA-LOBOS (1887-1959)

Bachianas Brasileiras 4

III. Ária (Cantiga)

Duração: 5 minutos

 

Bis:

MEDLEY DE FREVOS

Arranjo: Tiago Costa

Músicas selecionadas: "Vassourinhas", "Último Dia", "Relembrando o Norte"

Nota de Programa

Um edifício elegante que irradia atividades artísticas desde a época do Império e é considerado o mais antigo e expressivo exemplar de Arquitetura Neoclássica em Pernambuco; uma construção que alia tradição e modernidade e representa a vida cultural e política deste estado. Este é o Teatro de Santa Isabel, celebrado neste concerto, que propõe um diálogo musical com sua rica arquitetura, arte decorativa e trajetória histórica. Nessa jornada no tempo e no espaço deste emblemático templo das artes, nossos guias serão a Orquestra Sinfônica do Recife, sob a regência do maestro Lanfranco Marcelletti, e o historiador, jornalista e ator Leidson Ferraz.

 

Começaremos trazendo a abertura da primeira ópera realizada neste teatro, "I puritani", de Vincenzo Bellini, última obra escrita pelo compositor e encenada nesta casa em 18 de agosto de 1858, oito anos após a inauguração deste prédio. O título do trecho a ser exibido é "Sinfonia”. Em seguida, ouviremos a ária "Qui la Voce Sua Soave" na voz encantadora da soprano potiguar Alzeny Nelo. 

 

A ideia de construir um teatro público no Recife partiu de Francisco do Rego Barros, o Barão da Boa Vista, presidente da Província de 1837 a 1844. Aprovado em 1841, o projeto foi elaborado e dirigido pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier e construído pelo trabalho não-escravo, uma inovação na época. Já os recursos financeiros vieram de loterias, da companhia de acionistas e do tesouro provincial. O Teatro de Pernambuco, como até então era chamado, passou a se chamar Teatro de Santa Isabel poucos meses antes de sua inauguração devido a uma homenagem, que o então presidente da Província, Honório Hermeto Carneiro Leão, quis fazer a Princesa Isabel antes de deixar o cargo no final de 1849.

 

No dia da inauguração do Teatro, em 18 de maio de 1850, foi apresentado o drama em três atos "O Pajem d'Aljubarrota", do português Mendes Leal. Uma obra que exaltava a justiça como um dos maiores bens da humanidade. Justiça essa que se vê também refletida no papel que esta casa desempenhou junto à luta abolicionista. Há, inclusive, no corredor deste teatro, uma estátua com o busto de Joaquim Nabuco e a frase “Ganhamos aqui a causa da abolição”. Afinal foi no palco desta casa, que este importante abolicionista pernambucano, proferiu seus principais discursos de luta pelo fim da escravidão.

 

Para celebrar tão importante momento, realizaremos "Alvorada" e o "Inno Della Liberta", da ópera "Il Schiavo", de Carlos Gomes, o mais importante compositor brasileiro do fim do século XIX, que conquistou fama internacional por suas óperas que misturavam elementos da música clássica europeia com as tradições musicais brasileiras. Assim como Nabuco, Carlos Gomes era neto de uma mulher parda e foi membro ativo do Movimento Abolicionista. A sua Ópera da Abolição, como ficou conhecida na época da estreia no Brasil, em 1889, foi dedicada à Princesa Isabel.

 

Em 1880, quando Carlos Gomes retornou à Itália, o compositor paulista tinha um esboço de um libreto escrito pelo seu amigo e um dos principais abolicionistas no Brasil, o Visconde de Taunay, que não foi aceito pelo libretista e tradutor italiano Rodolfo Paravicini. Ele antecipou a data da ópera em mais de dois séculos, de 1801 para 1567, alterou os personagens principais de negros para Índios e transformou uma nobre dama portuguesa em uma condessa francesa. Paravicini também se opôs à inclusão nesta ópera do "Inno Della Liberta", que ao final foi inserida e que ouviremos na linda voz de Alzeny Nelo.

 

Em 19 de setembro de 1869, o teatro sofreu um devastador incêndio. Apenas as paredes laterais, o alpendre e o pórtico se mantiveram erguidos. As atividades de reconstrução começaram apenas em maio de 1871. Vauthier foi novamente chamado, desta vez, para supervisionar a revisão e modernização dos planos de construção. Totalmente restaurado foi triunfantemente reaberto em 10 de dezembro de 1876 com a companhia lírica italiana de Thomaz Pasini, apresentando "O Baile de Máscaras", de Giuseppe Verdi. Para lembrar deste momento marcante na história do teatro, ouviremos “Saper Vorreste”. A ária é cantada no terceiro ato pelo personagem Oscar, um pajem leal do Governador Ricardo, que é pressionado a revelar quem seu amo encontraria no tal baile de máscaras. Uma música leve e saltitante, que reflete a jovialidade e a natureza travessa daquele papel.

 

Em 1916, durante a gestão de Manoel Borba, o teatro passou por reformas significativas. Para celebrar essa nova fase de inovações que, dentre outras coisas, trouxe a luz elétrica, eliminando o risco de incêndio provocado pelas luminárias a óleo, evocamos a obra "The Unanswered Question", do compositor norte-americano Charles Ives. Esta peça musical revela a tensão entre o antigo e o novo e nos transporta a esse tempo em que o Teatro de Santa Isabel se confrontava com as modernidades que chegavam. 

 

Palco de grandes nomes da música pernambucana, o Teatro de Santa Isabel e a Orquestra Sinfônica do Recife estrearam diversas obras de importantes compositores locais ao longo de sua história. Para marcar a trajetória da música no estado ouviremos "Lamento e Dança Brasileira", primeira obra sinfônica do compositor, arranjador, pianista e regente pernambucano, natural de Caruaru, Clóvis Pereira, que, à frente da Orquestra Sinfônica do Recife, a estreou nesta casa em 1967. Três anos depois ele seria convidado por Ariano Suassuna a escrever as primeiras composições musicais representativas de uma importante ação artística, o Movimento Armorial, que tinha por objetivo realizar uma arte autenticamente brasileira baseada nas raízes populares. Nas palavras do próprio Suassuna, uma arte que teria "a ligação com o espírito mágico dos folhetos" do Romanceiro Popular do Nordeste (literatura de cordel), com a música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus 'cantares', e com a xilogravura, que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das artes e espetáculos populares.

 

Outro grande nome da música pernambucana que marcou história neste teatro é José Ursicino da Silva, mais conhecido como Maestro Duda, uma figura emblemática da música brasileira. Nascido em Goiana, iniciou sua jornada musical em bandas locais, revelando desde cedo um talento excepcional para a composição e o arranjo. Dele ouviremos "Música Para Metais Nº 2", obra que exemplifica sua habilidade em compor para conjuntos de metais, refletindo a riqueza da visão artística e alma musical a partir das tradições do frevo, baião, xaxado, maracatu e toda a valiosa cultura nordestina. A peça destaca-se não apenas por sua complexidade e beleza, mas também por representar uma ponte entre o erudito e o popular, um traço distintivo do trabalho do Maestro Duda. A "Música Para Metais Nº 2" ressoa como uma homenagem à efervescência cultural de Pernambuco, que o Teatro de Santa Isabel sempre recebeu em seus palcos. Uma dentre tantas obras que consolidam o legado de Duda como um dos grandes compositores brasileiros, capaz de dialogar com as raízes de sua terra natal, enquanto inova e encanta audiências por meio de sua arte.

Palco da música brasileira universal, o Teatro de Santa Isabel apresenta regularmente em seu palco obras de grandes compositores brasileiros do século XX, dentre eles destacamos um dos mais proeminentes compositores brasileiros, o carioca Heitor Villa-Lobos, que criou um elo magistral entre as tradições da música brasileira e as técnicas da música barroca de Johann Sebastian Bach. Das nove suítes da série Bachianas Brasileiras, vemos que a cultura musical da região Nordeste habita o imaginário de Villa-Lobos nitidamente em três delas: na introdução das "Bachianas Brasileiras Nº 1", intitulada "Embolada"; na "Dança Lembrança do Sertão", das "Bachianas Brasileiras Nº 2"; e no "Coral Canto do Sertão" e na "Ária Cantiga", das Bachianas Brasileiras Nº 4, que ouviremos neste concerto. Reparemos como o compositor insere estrategicamente em sua obra elementos rítmicos e melódicos, a exemplo de um típico baião pernambucano, na construção do imaginário desta região. 

 

Nessa viagem através do tempo e da cultura, destacamos a importância indelével do Teatro de Santa Isabel como um bastião da vida artística no Recife. Ao celebrarmos a arquitetura, a arte e a memória deste edifício, reafirmamos seu valor inestimável não apenas como um local de performance, mas como um testemunho vivo da rica trama cultural do Recife, de Pernambuco e de todo o Brasil.

Orquestra Sinfônica do Recife

 

A mais antiga orquestra em atividade ininterrupta do Brasil, foi fundada no dia 30 de julho de 1930, sob a regência do fundador e maestro, Vicente Fittipaldi, que comandou o conjunto sinfônico entre 1930 e 1961. Além dele, a Orquestra já teve como regentes Mário Câncio (1962-1974); Guedes Peixoto (1975-1984); Eleazar de Carvalho (1985-1988); Eugene Egan (1989); Arlindo Teixeira (1991), Diogo Pacheco (1992); Carlos Veiga (1993-2000) e Osman Giuseppe Gioia (2001-2013).

 

Nomes como Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone, Marlos Nobre, Guerra Peixe – que na década de 1970 atuou como primeiro trompista - Isaac Karabtchevsky e outros já regeram a OSR, que recebeu músicos famosos para tocar como solistas, como José Siqueira, Artur Moreira Lima e Nelson Freire.

 

No último dia 8 de outubro de 2018, a Orquestra foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da capital pernambucana, a partir de proposição da Câmara do Recife, sancionada pelo então prefeito Geraldo Julio.

Alzeny Nelo
Soprano
 

Mestre em Música pela Universidade Federal do RN, aperfeiçoou-se pela École Normale de Musique de Paris/ Alfred Cortot como bolsista da CAPES entre 2002 e 2004. Estreou na cena lírica francesa com as óperas "Les Fêtes de l'Amour et de Bachus", de Lully; "Die Zauberflöhte", de Mozart; e "Il Segreto di Susanna", de Wolf Ferrari. No Brasil interpretou personagens como Stephano, na ópera “Romeo et Juliette”, de Gounod, no Theatro Municipal do RJ e Theatro São Pedro- SP; foi solista no oratório "A Criação", de Haydn no Theatro Municipal do RJ; solista na Série Araribóia da Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Fluminense no Theatro Municipal de Niterói. Foi solista nas “Bachianas Brasileiras n.5”, de Villa-Lobos, com a Orquestra de Violoncelos do RN em vários concertos no Brasil sob a direção do violoncelista Fábio Presgrave. Apresentou o Recital "Mélodies- La France Musicale" na Sala Cecília Meireles - RJ; recital com o pianista Miguel Proença dentro do projeto " Piano Brasil VII" no Espaço cultural BNDES no Rio de Janeiro; solista com Orquestra Sinfônica do RN na reabertura do Teatro Alberto Maranhão - Natal RN; III Concerto Oficial da OSRN "Bijoux de France", Recital "60 anos sem Villa-Lobos" com o pianista Guilherme Rodrigues; solista com a Filarmônica da UFRN no concerto “Ópera, Amor e Boemia”; participação na Turnê “Mágico Amore” do tenor Thiago Arancam com duetos do musical Fantasma da ópera, em Natal-RN, dentre outros. Foi Premiada internacionalmente por dois anos consecutivos no Concurso Internacional de Canto da "Union Française des Artistes Musiciens" e no Brasil em vários concursos de canto como o Concurso de Canto Maria Callas -SP e Primeiro lugar no I Concurso Nacional de Canto Lírico - UFRJ, Rio de Janeiro. Atualmente, Alzeny Nelo é graduanda em fonoaudiologia, coordenadora e preparadora vocal da Camerata de Vozes do RN, e professora nas classes de canto lírico da Escola de Música da UFRN.

Lanfranco Marcelletti
Maestro
 

Considerado um dos músicos brasileiros mais dinâmicos e versáteis, Lanfranco Marcelletti Jr. iniciou sua formação musical ao piano, no Conservatório Pernambucano de Música do Recife, sua cidade natal. Aos dezessete anos, partiu para a Europa, onde estudou piano e composição na Hochschule für Musik und darstellende Kunst, em Viena, e na Musik Akademie, em Zurique. Após voltar da Europa, em 1990, começou seus estúdios de regência em São Paulo, com o maestro Ronaldo Bologna. Seu primeiro trabalho foi como regente assistente da Orquestra Sinfônica de Recife. Posteriormente, na Yale University (New Haven, EUA), fez mestrado e pós-graduação em regência. E seguiu investindo em formações acadêmicas, tendo conquistado também diversos prêmios ao redor do mundo.

 

Lanfranco Marcelletti Jr. regeu orquestras sinfônicas na Argentina, Bélgica, Chile, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, México, Polônia e Rússia. Durante seu período nos Estados Unidos (1994-2011), foi Maestro Principal dos Cumberland Valley Chamber Players e Principal Maestro da Cayuga Chamber Orchestra, além de ter ocupado os cargos de regente e professor regente no Amherst College e na Universidade de Massachusetts.

 

No México, dirigiu a Orquestra Sinfônica de Xalapa (2012-2019) e, de setembro de 2020 a outubro de 2021, esteve à frente da Orquestra Sinfônica de Aguascalientes como Maestro Titular. Colaborou como Coordenador Musical do Projeto Sócio-Musical Orquestra Criança Cidadã no Recife. Desde 2022 é professor dos cursos de mestrado e doutorado em regência orquestral na Texas Tech University, em Lubbock, Estados Unidos, além de diretor artístico e maestro regente titular da Orquestra Sinfônica do Recife.

Leidson Ferraz
Palestrante
 

Doutor em Artes Cênicas pela UNIRIO (RJ), Mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco, jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco, ator, crítico, curador, historiador e pesquisador do teatro, além de professor com foco nas disciplinas História do Teatro Brasileiro e História do Teatro Pernambucano. É organizador e editor da coleção de livros “Memórias da Cena Pernambucana” – em quatro volumes –, além dos acervos “Teatro Tem Programa!” e “O Teatro em Preto e Branco nas Memórias da Cena Pernambucana”. Escreveu os livros “Panorama do Teatro Para Crianças em Pernambuco (2000-2010)”, “Teatro Para Crianças no Recife: 60 Anos de História no Século XX (Volume 01)” e as pesquisas “Um Teatro Quase Esquecido – Painel das Décadas de 1930 e 1940 no Recife”; “O Teatro no Recife dos Anos 50: Tentativas de Reafirmação da Modernidade”; além da tese “Louvores e Pedradas à ACTP (Associação dos Cronistas Teatrais de Pernambuco): a pulverização da crítica de teatro no Recife entre 1955 e 1969”.

Teatro de Santa Isabel

Monumento tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 31 de outubro de 1949 e considerado um dos 14 teatros-patrimônio do Brasil, o Teatro de Santa Isabel é o mais antigo e expressivo exemplar de Arquitetura Neoclássica em Pernambuco e um dos mais notáveis do país.

 

A ideia de construir um Teatro público no Recife, capital da província, partiu de Francisco do Rego Barros, futuro Conde da Boa Vista, presidente da província de 1837 a 1844. O engenheiro contratado para transformar esse sonho civilizatório em realidade foi o célebre francês Louis Léger Vauthier.

 

Inaugurado em 18 de maio de 1850, em homenagem à Princesa Isabel, o teatro atravessou séculos de história, formando muitas gerações de plateias. Assistiu à Revolução Praieira, à campanha abolicionista e à campanha pelo advento da República, quando dois nomes se ligaram definitivamente à sua história: Joaquim Nabuco e José Mariano. Foi lá que Nabuco proferiu a célebre frase, gravada numa placa exibida até hoje no teatro: Aqui nós ganhamos a causa da Abolição.

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